Menino haitiano mostra a língua após consumir biscoito de terra (Foto: Adriana Cubillos/AP)
A realidade no Haiti é uma tijolada. Ao pé da letra: a população do país faminto, há séculos, come terra. Culpa-se a inflação nos preços de alimentos e, por tabela, até a superprodução de biocombustíveis. Cana e soja estão ocupando o mundo, os espaços que antes pertenciam ao arroz e ao feijão, diz Jean Ziegler, o relator das Nações Unidas para o Direito à Alimentação.
No Haiti, a argila amarela da cidade central de Hinche faz parte do menu diário. A situação da desnutrição atingiu níveis alarmantes nos últimos meses, quando os preços dos gêneros alimentícios aumentaram 80%. Só recentemente, porém, o público internacional notou as bolachas de terra vendidas nos mercados do país.
Há anos, quem anda pelo terreiro aos pés do Fort Dimanche - a antiga prisão juvenil e atual favela - encontra o mercado e a fábrica das bolachas de terra. Mulheres agachadas na rua estendem discos de argamassa em grandes placas de zinco.
A receita desse biscoito grosso para as massas é simples: argila, água e sal. Forma-se uma pasta amarela, moldada em pequenos círculos. O cozimento fica por conta do sol infernal: em pouco mais de uma hora, o produto final está pronto para a venda.
Mulheres preparam biscoito de barro no Haiti; terremoto encareceu o preço do produto consumido por miseráveis
Depois nao reclame o que você tem... pense nisso
É, realmente a gente leva um tapa na cara, pois temos tudo e não damos o valor que é devido. Não apenas por questão sócio-lucrativa, mas também cultural.
ResponderExcluirParabéns Kelvin, excelente matéria publicada.